Início


Consultoria e Soluções para Internet 

 

 

A História da Internet - Como Tudo Começou...

A Internet nasceu praticamente sem querer. Foi desenvolvida nos tempos remotos da Guerra Fria com o nome de ArphaNet para manter a comunicação das bases militares dos Estados Unidos, mesmo que o Pentágono fosse riscado do mapa por um ataque nuclear.

Quando a ameaça da Guerra Fria passou, ArphaNet tornou-se tão inútil que os militares já não a consideravam tão importante para mantê-la sob a sua guarda. Foi assim permitido o acesso aos cientistas que, mais tarde, cederam a rede para as universidades as quais, sucessivamente, passaram-na para as universidades de outros países, permitindo que pesquisadores domésticos a acessarem, até que mais de 5 milhões de pessoas já estavam conectadas com a rede e, para cada nascimento, mais 4 se conectavam com a imensa teia da comunicação mundial.

Nos dias de hoje, não é mais um luxo ou simples questão de opção uma pessoa utilizar e dominar o manuseio e serviços disponíveis na Internet, pois é considerada o maior sistema de comunicação desenvolvido pelo homem.

Com o surgimento da World Wide Web, esse meio foi enriquecido. O conteúdo da rede ficou mais atraente com a possibilidade de incorporar imagens e sons. Um novo sistema de localização de arquivos criou um ambiente em que cada informação tem um endereço único e pode ser encontrada por qualquer usuário da rede.

Em síntese, a Internet é um conjunto de redes de computadores interligadas que tem em comum um conjunto de protocolos e serviços, de uma forma que os usuários conectados possam usufruir de serviços de informação e comunicação de alcance mundial.

 Histórico

Desenvolvida pela empresa ARPA (Advanced Research and Projects Agency) em 1969, com o objetivo de conectar os departamentos de pesquisa, esta rede foi batizada com o nome de ARPANET.

Antes da ARPANET, já existia outra rede que ligava estes departamentos de pesquisa e as bases militares, mas como os EUA estavam em plena guerra fria, e toda a comunicação desta rede passava por um computador central que se encontrava no Pentágono, sua comunicação era extremamente vulnerável.

Se a antiga URSS resolvesse cortar a comunicação da defesa americana, bastava lançar uma bomba no Pentágono, e esta comunicação entrava em colapso, tornando os Estados Unidos extremamente vulnerável a mais ataques.

A ARPANET foi desenvolvida exatamente para evitar isto. Com um Back Bone que passava por baixo da terra (o que o tornava mais difícil de ser interrompido), ela ligava os militares e pesquisadores sem ter um centro definido ou mesmo uma rota única para as informações, tornando-se quase indestrutível.

Nos anos 1970, as universidades e outras instituições que faziam trabalhos relativos à defesa tiveram permissão para se conectar à ARPANET. Em 1975, existiam aproximadamente 100 sites. Os pesquisadores que mantinham a ARPANET estudaram como o crescimento alterou o modo como as pessoas usavam a rede. Anteriormente, os pesquisadores haviam presumido que manter a velocidade da ARPANET alta o suficiente seria o maior problema, mas na realidade a maior dificuldade se tornou a manutenção da comunicação entre os computadores (ou interoperação).

No final dos anos 1970, a ARPANET tinha crescido tanto que o seu protocolo de comutação de pacotes original, chamado de Network Control Protocol (NCP), tornou-se inadequado. Em um sistema de comutação de pacotes, os dados a serem comunicados são divididos em pequenas partes. Essas partes são identificadas de forma a mostrar de onde vieram e para onde devem ir, assim como os cartões-postais no sistema postal. Assim também como os cartões-postais, os pacotes possuem um tamanho máximo, e não são necessariamente confiáveis.

Os pacotes são enviados de um computador para outro até alcançarem o seu destino. Se algum deles for perdido, ele poderá ser reenviado pelo emissor original. Para eliminar retransmissões desnecessárias, o destinatário confirma o recebimento dos pacotes.

Depois de algumas pesquisas, a ARPANET mudou do NCP para um novo protocolo chamado TCP/IP (Transfer Control Protocol/Internet Protocol) desenvolvido em UNIX. A maior vantagem do TCP/IP era que ele permitia (o que parecia ser na época) o crescimento praticamente ilimitado da rede, além de ser fácil de implementar em uma variedade de plataformas diferentes de hardware de computador.

Nesse momento, a Internet é composta de aproximadamente 50.000 redes internacionais, sendo que mais ou menos a metade delas nos Estados Unidos. A partir de julho de 1995, havia mais de 6 milhões de computadores permanentemente conectados à Internet, além de muitos sistemas portáteis e de desktop que ficavam online por apenas alguns momentos. (informações obtidas no Network Wizard Internet Domain Survey, http://www.nw.com).

 Histórico da Internet no Brasil

A história da Internet no Brasil começou bem mais tarde, só em 1991 com a RNP (Rede Nacional de Pesquisa), uma operação acadêmica subordinada ao MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia).

Até hoje a RNP é o "backbone" principal e envolve instituições e centros de pesquisa (FAPESP, FAPEPJ, FAPEMIG, etc.), universidades, laboratórios, etc.

Em 1994, no dia 20 de dezembro é que a EMBRATEL lança o serviço experimental a fim de conhecer melhor a Internet.

Somente em 1995 é que foi possível, pela iniciativa do Ministério das Telecomunicações e Ministério da Ciência e Tecnologia, a abertura ao setor privado da Internet para exploração comercial da população brasileira.

A RNP fica responsável pela infra-estrutura básica de interconexão e informação em nível nacional, tendo controle do backbone (Coluna dorsal de uma rede, backbone representa a via principal de informações transferidas por uma rede, neste caso, a Internet).

 O surgimento de um Mercado Comercial

No meio dos anos 80, havia um interesse suficiente em relação ao uso da Internet no setor de pesquisas, educacional e das comunidades de defesa, que justificava o estabelecimento de negócios para a fabricação de equipamentos especificamente para a implementação da Internet. Empresas tais como a Cisco Systems, a Proteon e, posteriormente, a Wellfleet (atualmente Bay Networks) e a 3Com, começaram a se interessar pela fabricação e venda de roteadores, o equivalente comercial dos gateways criados pela BNN nos primórdios da ARPANET. Só a Cisco já tornou-se um negócio de 1 bilhão de dólares.

A Internet está tendo um crescimento exponencial no número de redes, número de hosts e volume de tráfego.

Outro fator primordial que existe por trás do recente crescimento da Internet é a disponibilidade de novos serviços de diretório, indexação e pesquisa que ajudam os usuários a descobrir as informações de que precisam na imensa Internet. A maioria desses serviços surgiu em função dos esforços de pesquisa das universidades e evoluíram para serviços comerciais, entre os quais se incluem o WAIS (Wide Area Information Service), o Archie (criado no Canadá), o YAHOO, de Stanford, o The McKinley Group e o INFOSEEK, que são empresas privadas localizadas no Vale do Silício.

O novo Jeito de Vender

Este é um tema moderno e ao mesmo tempo tradicional envolvendo televendas e teleatendimento. A principal questão está centralizada na nova filosofia de percepção de compra eletrônica, na definição de um internauta e sua percepção de realização da compra através de um novo canal de comunicação, a Internet.

Para compreender a filosofia do comércio eletrônico é necessário entender o mecanismo de televendas e teleatendimento como sendo a primeira tentativa de venda "virtual" que surgiu no início da década de 80 e procura incorporar os seguintes conceitos:

  1. Desmaterialização:substituição do movimento e contato físico por informação telefônica ou via catálogos e um contato virtual.
  2. Desintermediação: eliminação de um ou mais intermediários na cadeia de venda do produto.
  3. Grupo de afinidades:são produtos e serviços que possuem similaridades (em termo de divulgação e consumo) e que oferecem ao consumidor soluções apenas visuais, cujas características são inquestionáveis em termo de qualidade, preços e garantias.

Algumas empresas implementam o conceito e a infra-estrutura necessária para operar um centro de atendimento ao cliente, os chamados call-centers. Surgiram os sistemas de informação, os banco de dados, sistemas de telefonia com unidade de respostas audíveis, profissionais de teleatendimento e a interação entre comandos , dados e voz, que representa o ponto máximo de evolução do atendimento virtual.

Os recursos de telefonia integrados com sistemas de banco de dados aliados a uma filosofia de televendas proporcionam o início do comércio eletrônico que "acoplou" os recursos de Internet, home page, browser, servidor Web e provedor de acesso.

Este "mundo" virtual, com filosofias de consumo próprias ainda não claramente estabelecidas e compreendidas, envolve basicamente a facilidade de manipulação de um browser interrelacionando às necessidades do cliente e a oferta de produtos e serviços até a efetivação da compra segundo:

  • Learn: Como os clientes aprendem e adquirem informações gerais e institucionais sobre a empresa? São necessariamente informações correntes e consistentes, com foco e direcionamento nas necessidades dos usuários do browser.
  • Shop: Como os clientes consultam e escolhem as ofertas de produtos e serviços? São informações baseadas nas preferências do consumidor e na seqüência de ações no browser, auxiliando o consumidor a tomar decisões.
  • Buy: Como os clientes efetivam as transações de compras? Trata-se da facilidade do consumidor de preencher um pedido de compra onde não existe a necessidade de um contato do tipo face a face. Essas transações são suportadas por múltiplas formas de pagamento, devendo ser ágil e livre de erros no processamento do pedido de compras.
  • Support: Como os clientes poderão ter um suporte técnico e um serviço de atendimento no pós-vendas? Neste caso, considera-se o atendimento 24 horas por 7 dias de vital importância, e também, toda a comunicação interativa (do tipo pergunta/resposta escrita), além de contar com uma organização de processos e profissionais que identificam um problema e encaminhamento da solução com agilidade.

 Pontos Importantes do e-commerce

1) Merchandising – Qualquer varejista sabe que um produto bem apresentado sai mais rápido da prateleira. Na Web isso significa boas imagens, preços claros e informações completas dos produtos expostos. Também não se pode ignorar a localização dos produtos. Clientes entram nas lojas atraídos pelos produtos expostos na vitrine. Na Web, esses produtos ficam na primeira página.

2) Promoção - Os tradicionais anúncios em jornais, revistas ou televisão são substituídos por banners animados, e-mails ou promoções hot sell. Sempre anuncie produtos com apelo forte de venda. Então, é necessário preparar um plano de marketing e separar a verba para executá-lo.

3) Atendimento a Clientes - O processo de venda, virtual ou não, envolve várias etapas. Em cada uma delas há interação entre o consumidor e um funcionário da loja. Sendo assim é necessário estabelecer um canal de comunicação preciso, transparente e ágil. Caso contrário, os consumidores desaparecerão rapidamente.

4) Vendas - Para ter sucesso nas vendas, é necessária uma equipe de vendedores bem treinada e motivada. Na Web, isso pode ser feito com muito mais consistência e menos custo. Os produtos e serviços oferecidos devem apresentar informações detalhadas, bem como seus principais diferenciais em relação aos concorrentes, análises de jornalistas ou consumidores sobre sua qualidade e outras informações que possam ajudar o cliente a decidir a compra mais rapidamente.

5) Pagamento - Como a cultura de usar cartão de crédito pela Internet ainda é pouco disseminada no Brasil, é necessário oferecer formas de pagamento alternativas, como carteiras eletrônicas, depósitos identificados e cheque eletrônico pré-datado.

6) Pós-venda- Todo pós-venda deve estar disponível para consulta na Web, incluindo normas para troca ou devolução de produtos, dados cadastrais da rede de assistência técnica, perguntas e respostas mais freqüentes e informativos periódicos por e-mail sobre novidades, lançamentos, etc.

7) Segurança - O ponto mais importante do comércio eletrônico. Qualquer pessoa tem medo de comprar algo com o cartão de crédito pela Web. Por isso, não poupar recursos de segurança para tirar essa preocupação de seus clientes, é um fator importante. Isso inclui a adoção do SSL e processos de encriptação de informações nas bases de dados e comunicar claramente os clientes sobre a segurança oferecida no site.

8) Estoque - Para ganhar eficiência nas vendas, é importante separar fisicamente o estoque dos produtos vendidos pela Web. Mesmo assim, o tratamento gerencial deve ser igual ao de um estoque normal, com informações precisas de giro, custo e tempo de reposição.

9) Logística – É necessário preparar-se para entregar produtos individualmente e com rapidez. E não esquecendo dos custos de transporte. Se forem muito altos, a empresa não terá clientes também.

10) Monitoramento - Manter sistemas de acompanhamento precisos e informatizados. Se a operação não for muito bem controlada, os custos com retrabalho de informações irão comer qualquer margem deixada pela venda dos produtos.

 Kellen Cristina Bogo - Graduada em Ciência da Computação e Colaboradora a Almeida & Cappeloza Consultores Associados

Matéria publicada em 01/07/2000   - Edição Número 11

A Internet começou em 1969 com o projeto do governo americano chamado ARPANET, que tinha como objetivo interligar universidades e instituições de pesquisa e militares. Na década de 70 a rede tinha poucos centros, mas o protocolo NCP (Network Control Protocol), foi visto como inadequado, então, o TCP/IP foi criado e continua sendo o protocolo base da Internet.

No início a Internet tinha poucos serviços, sendo o E-mail, o serviço mais utilizado. O FTP (transferência de arquivos), Telnet (acesso de sessões em hosts) e outros foram criados.

A Internet que conhecemos como hoje, foi sendo criada ao longo da década de 80, onde diversas instituições dos EUA e de outros países foram se interligando, criando uma grande rede, mas ainda sem o cunho comercial. A pressão para que empresas pudessem também participar da rede mundial, fez com que no início dos anos 90 fosse aberta para o uso comercial então, que começou um novo mundo.

Naquela época, os principais serviços existentes eram basicamente o e-mail, um simples serviço de chat, transferências de arquivos via FTP e serviços como o WAIS (Wide Area Information Service), o Archie (criado no Canadá).

Em 1991, Tim Berners-Lee do CERN, lança oWWW (World Wide Web), que foi a base para que Marc Andreesen, lança-se em o Mosaic para Unix em fevereiro de 1993 e em agosto do mesmo ano, eles lançaram a versão para o Windows.

O Mosaic foi a base do que temos do conceito da Internet, pois você poderia literalmente navegar de uma página para outra, de um site para outro sem precisar de usar comandos complexos, como os existentes no WAIS e Gopher, como também poderia criar o seu conteúdo usando um simples editor de texto e uma linguagem simples que foi chamada de HTML (HiperText Markut Language).

Em 1991, a RNP (Rede Nacional de Pesquisas), trouxe a Internet para o Brasil, sendo o seu objetivo o de atender a conexão das redes de universidades e centros de pesquisas, mas logo as esferas federal e estadual começaram também a se interligar.

Em 1995, finalmente o Ministérios de Comunicações e de Ciência e Tecnologia abriram a Internet para a sua operação comercial, onde provedores puderam contratar conexões junto com a RNP e depois com a Embratel.

Atualmente o Brasil possui diversos backbones inteligando todos os estados do Brasil, bem como centenas de conexões com outros países, o que nos dá a possibilidade de conectar a sites e utilizar seus serviços em todos todos os lugares do mundo.

A Internet já passou por vários momentos e hoje, ainda podemos dizer que ela ainda está na infância, mas uma infância madura.

Atualmente se ouve muito a respeito de novos serviços, como a Web 2.0, VoIP, serviços para escolas, como o projeto do OLPC (One Laptop Per Child) entre outros.

A Internet continuará sendo o principal serviço de conectividade e cada vez mais presente nas nossas vidas. Hoje, você tem Internet em praticamente qualquer lugar do mundo utilizando conexões via satélite, ou usando o seu celular e falta pouco para que o WiMax seja de fato uma tecnologia disponível, nos abrirá um novo leque de opções, onde poderemos levar um computador pessoal conectado 24 horas para qualquer lugar.

É certo que se poderia falar muito mais sobre o assunto, mas isso é já é outra história.

Introdução
A Internet tem revolucionado o mundo dos computadores e das comunicações como nenhuma invenção foi capaz de fazer antes. A invenção do telégrafo, telefone, rádio e computador prepararam o terreno para esta nunca antes havida integração de capacidades. A Internet é, de uma vez e ao mesmo tempo, um mecanismo de disseminação da informação e divulgação mundial e um meio para colaboração e interação entre indivíduos e seus computadores, independentemente de suas localizações geográficas.

A Internet representa um dos mais bem sucedidos exemplos dos benefícios da manutenção do investimento e do compromisso com a pesquisa e o desenvolvimento de uma infra-estrutura para a informação. Começando com as primeiras pesquisas em trocas de pacotes, o governo, a indústria e o meio acadêmico tem sido parceiros na evolução e uso desta excitante nova tecnologia. Hoje, termos como nome@nomedeempresa.com (ou nome@nomedeempresa.com.br, no caso do Brasil) e http://www.nomedeempresa.com (ou http://www.nomedeempresa.com.br, no caso do Brasil) são usados diariamente por milhões de pessoas.

Nesta análise, muitos de nós envolvidos com o desenvolvimento e a evolução da Internet dão suas visões sobre as origens e a história da Internet. A história envolve quatro aspectos distintos:

  • a evolução tecnológica que começou com as primeiras pesquisas sobre trocas de pacotes e a ARPANETe suas tecnologias, e onde pesquisa atual continua a expandir os horizontes da infra-estrutura em várias dimensões como escala, desempenho e funcionalidade de mais alto nível;
  • os aspectos operacionais e gerenciais de uma infra-estrutura operacional complexa e global;
  • o aspecto social que resultou numa larga comunidade de internautas trabalhando juntos para criar e evoluir com a tecnologia;
  • e o aspecto de comercialização que resulta numa transição extremamente efetiva da pesquisa numa infra-estrutura de informação disponível e utilizável.

A Internet hoje é uma larga infra-estrutura de informação, o protótipo inicial do que é frequentemente chamado a Infra-Estrutura Global ou Galáxica da Informação. A história da Internet é complexa e envolve muitos aspectos - tecnológicos, organizacionais e comunitários. E sua influência atinge não somente os campos técnicos das comunicações via computadores mas toda a sociedade, na medida em que usamos cada vez mais ferramentas online para fazer comércio eletrônico, adquirir informação e operar em comunidade.

A origem da Internet
Os primeiros registros de interações sociais que poderiam ser realizadas através de redes foi uma série de memorandos escritos por J.C.R. Licklider, do MIT - Massachussets Institute of Technology, em agosto de 1962, discutindo o conceito da "Rede Galáxica". Ele previa vários computadores interconectados globalmente, pelo meio dos quais todos poderiam acessar dados e programas de qualquer local rapidamente. Em essência, o conceito foi muito parecido com a Internet de hoje. Licklider foi o primeiro gerente do programa de pesquisa de computador do DARPA, começando em outubro de 1962. Enquanto trabalhando neste projeto, ele convenceu seus sucessores Ivan Sutherland, Bob Taylor e Lawrence G. Roberts da importância do conceito de redes computadorizadas.

Leonard Kleinrock, do MIT, publicou o primeiro trabalho sobre a teoria de trocas de pacotes em julho de 1961 e o primeiro livro sobre o assunto em 1964. Kleinrock convenceu Roberts da possibilidade teórica das comunicações usando pacotes ao invés de circuitos, o que representou um grande passo para tornar possíveis as redes de computadores. O outro grande passo foi fazer os computadores se conversarem. Em 1965, Roberts e Thomas Merrill conectaram um computador TX-2 em Massachussets com um Q-32 na California com uma linha discada de baixa velocidade, criando assim o primeiro computador de rede do mundo. O resultado deste experimento foi a comprovação de que computadores poderiam trabalhar bem juntos, rodando programas e recuperando dados quando necessário em máquinas remotas, mas que o circuito do sistema telefônico era totalmente inadequado para o intento. Foi confirmada assim a convicção de Kleinrock sobre a necessidade de trocas de pacotes.

No final de 1966, Roberts começou a trabalhar no DARPA para desenvolver o conceito das redes computadorizadas e elaborou o seu plano para a ARPANET, publicado em 1967. Na conferência onde ele apresentou este trabalho, houve também uma apresentação sobre o conceito de redes de pacotes desenvolvida pelos ingleses Donald Davies e Roger Scantlebury, da NPL-Nuclear Physics Laboratory. Scantlebury conversou com Roberts sobre o trabalho da NPL e do trabalho de Paul Baran e outros em RAND. O grupo do projeto RAND tinha escrito um trabalho sobre o papel das redes de trocas de pacotes para voz segura quando serviam militarmente em 1964. O que se percebeu então é que os trabalhos desenvolvidos no MIT (1961-67), RAND (1962-65) e NPL (1964-67) estavam se desenrolando em paralelo sem que nenhum dos pesquisadores soubesse dos outros trabalhos. A palavra "pacote" foi adotada do trabalho desenvolvido no NPL e a velocidade de linha proposta para ser usada no projeto da ARPANET foi upgraded de 2,4 Kb para 50 Kb.

Em agosto de 1968, depois de Roberts e o grupo do DARPA terem refinado a estrutura e especificações para a ARPANET, uma seleção foi feita para o desenvolvimento de um dos componentes-chave do projeto: o processador de interface das mensagens (IMP). Um grupo dirigido por Frank Heart (Bolt Beranek) e Newman (BBN) foi selecionado. Paralelamente ao trabalho do grupo da BBN nos IMPs com Bob Kahn assumindo um papel vital do desenho arquitetônico da ARPANET, a topologia e economia da rede foi desenvolvida e otimizada por Roberts em conjunto com Howard Frank e seu grupo da Network Analysis Corporation, e sistema de mensuração da rede foi preparado pelo pessoal de Kleinrock na UCLA -University of California at Los Angeles.

Devido à teoria de trocas de pacotes de Kleinrock e seu foco em análise, desenho e mensuração, seu Centro de Mensuração de Rede da UCLA foi escolhido para ser o primeiro nó (ponta) da ARPANET. Isso aconteceu em setembro de 1969, quando BBN instalou o primeiro IMP na UCLA e o primeiro servidor de computador foi conectado. O projeto chamado Aumento do Intelecto Humano, de Doug Engelbart, que incluía NLS (um precursor dos sistemas de hipertexto), no SRI-Stanford Research Institute, foi o segundo nó ou ponta. SRI passou a manter as tabelas de "Host Name" para o mapeamento dos endereços e diretório do RFC. Um mês depois, quando SRI foi conectado à ARPANET, a primeira mensagem entre servidores foi enviada do laboratório de Kleinrock para o SRI. Dois outros "nodes" foram acrescentados então: a UC Santa Barbarae a Universidade de Utah. Este dois nós incorporavam projetos de aplicações visuais, com Glen Culler e Burton Fried na UCSB investigando métodos de uso de funções matemáticas para restaurar visualizações na rede e Robert Taylor e Ivan Sutherland em Utah investigando métodos de representação em terceira dimensão na rede. Assim, no final de 1969, quatro servidores estavam conectados na ARPANET e, mesmo naquela época, os trabalhos se concentravam tanto na rede em si como no estudo das possíveis aplicações da rede. Esta tradição continua até hoje.

Computadores foram rapidamente adicionados à ARPANET nos anos seguintes e os grupos de trabalho desenvolveram um protocolo servidor a servidor funcionalmente completo e outros softwares de rede. Em dezembro de 1971, o Network Working Group (NWG) gerenciado por S. Crocker, concluiu o primeiro protocolo servidor a servidor da ARPANET, chamado Network Control Protocol (NCP). De 1971 a 1972, os usuários da rede finalmente puderam começar a desenvolver as suas aplicações. Em outubro de 1972, Kahn organizou uma grande e bem sucedida demonstração sobre a ARPANET na Conferência Internacional de Comunicação entre Computadores (ICCC). Esta foi a primeira demonstração pública da nova tecnologia de rede para o público. Foi também em 1972 que o correio eletrônico, considerado a primeira aplicação "hot", foi introduzido. Em março de 1972, Ray Tomlinson, da BBN, escreveu o software básico de e-mail com as funções de "send/enviar" e "read/ler", motivado pela necessidade dos desenvolvedores da ARPANET de ter um fácil mecanismo de coordenação. Em julho, Roberts expandiu a utilidade do e-mail escrevendo o primeiro programa utilitário de e-mail para listar, ler seletivamente, arquivar, encaminhar e responder a mensagens. Dali, o correio eletrônico se tornou a maior aplicação de rede por mais de uma década. Este foi o prenúncio do tipo de atividade que vemos hoje na WWW hoje, ou seja, o enorme crescimento de todos os tipos de aplicações e utilitários agregados pessoa-a-pessoa.

Os conceitos iniciais da Internet
A ARPANET original cresceu e se tornou a Internet. A Internet foi baseada na idéia de que haveria múltiplas redes independentes de desenho arbitrário, começando com a ARPANET como rede pioneira de trocas de pacotes mas logo incluindo redes de satélites, de rádio, etc. A Internet como conhecemos hoje incorpora uma idéia-chave: rede de arquitetura aberta. Nesta abordagem, a opção pela tecnologia de qualquer rede individual não é ditada por nenhuma arquitetura de rede particular e sim escolhida livremente pelo provedor, que a torna capaz de entrar em rede com outras redes pela "Arquitetura de Internetworking". Até aquele período, havia apenas um método para agregar redes: a tradicional troca de circuitos onde redes se interconectavam no nível do circuito, passando bits individuais em base síncrona por um circuito ponta a ponta entre duas localidades. Lembre que Kleinrock tinha mostrado em 1961 que troca de pacotes era um método mais eficiente. Condições específicas de interconexão entre redes era outra possibilidade. Enquanto havia outras formas limitadas de interconectar redes, todas requeriam que uma fosse componente da outra, ao invés de agirem como companheiras no oferecimento do serviço ponta a ponta. Numa rede de arquitetura aberta, as redes individuais podem ser separadamente desenhadas e desenvolvidas e cada uma pode ter sua interface própria que pode ser oferecida a usuários e outros provedores. Cada rede pode ser desenhada de acordo com o ambiente e os requerimentos dos seus usuários. Não há restrições em relação aos tipos de redes que podem ser incluídas numa área geográfica, apesar de algumas considerações pragmáticas ditarem o que é razoável oferecer.

A idéia de redes de arquitetura aberta foi primeiro introduzida por Kahn em 1972. Este trabalho foi parte de um programa de pacotes de rádio, mas depois se tornou um programa em separado. Naquele tempo, o programa foi chamado "Internetting". NCP não tinha a habilidade de endereçar redes e máquinas além da destinação IMP da ARPANET e portanto deveria ser mudado. NCP se amparava na ARPANET para prover confiabilidade de ponta a ponta. Se qualquer pacote fosse perdido, o protocolo e qualquer aplicação que ele suportasse iria simplesmente parar a transferência de dados. Nesse modelo, NCP não tinha controle de erro ponta a ponta, uma vez que pensava-se que a ARPANET seria a única rede em existência e ela seria tão confiável que nenhum controle de erro seria necessário por parte dos servidores. Então Kahn decidiu desenvolver uma nova versão do protocolo que iria satisfazer as necessidades de um ambiente de redes de arquitetura aberta. Este protocolo iria eventualmente ser chamado Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP). Enquanto NCP agia como um driver de equipamento, o novo protocolo seria mais um protocolo de comunicações.

Quatro regras foram críticas para a idéia de Kahn:

  • cada rede distinta deveria ser independente e mudanças internas não deveriam ser requisitadas para conectá-las à Internet;
  • comunicações seriam na base do melhor esforço. Se um pacote não chegasse à sua destinação final, ele seria retransmitido da fonte;
  • caixas pretas seriam usadas para conectar as redes. Mais tarde elas seriam chamadas gateways e roteadores. Os gateways não reteriam informações sobre os fluxos de pacotes passantes. Isso assegurou que eles se mantivessem simples, evitando adaptações complicadas e recuperações de erros;
  • não haveria controle global no nível operacional.

Outros itens avaliados foram os seguintes:

  • algorítmos para prevenir perda de pacote de comunicações desabilitadas, capacitando-os a serem retransmitidos da fonte;
  • provimento de "pipelining" de servidor a servidor, de forma que múltiplos pacotes poderiam ser roteados da fonte ao destino à vontade dos servidores participantes, se redes intermediárias o permitissem;
  • funções de gateway (porta de entrada) para encaminhar os pacotes apropriadamente. Isso incluiria cabeçalhos de IP para roteamento, interfaces dirigidas, quebra de pacotes em pedaços menores (caso necessário), etc;
  • a necessidade de checagens ponta a ponta, recuperação dos pacotes de fragmentos e detecção de duplicatas;
  • a necessidade do endereçamento global;
  • técnicas de controle de fluxo servidor a servidor;
  • interfaces com vários sistemas operacionais;
  • eficiência da implementação, performance entre as redes, etc.

Kahn começou a trabalhar na série orientada às comunicações dos princípios do sistema operacional enquanto na BBN, e documentou alguns dos seus pensamentos num memorando interno chamado "Princípios de Comunicações para Sistemas Operacionais". Neste ponto, ele percebeu que seria necessário aprender os detalhes de implementação de cada sistema operacional para ter a chance de embutir neles novos protocolos de uma forma eficiente. Assim, na primavera de 1973, depois de começar o projeto "internetting", Kahn chamou Vint Cerf (então trabalhando em Stanford) para trabalhar com ele no desenho detalhado do protocolo. Cerf tinha se envolvido intimamente com o desenho e desenvolvimento do NCP original e já tinha o conhecimento em interfacing com os sistemas operacionais existentes. A abordagem arquitetônica para a comunicação de Kahn e a experiência em NCP de Cerf possibilitaram a construção do que se tornou TCP/IP.

O trabalho de Kahn e Cerf foi altamente produtivo e a primeira versão escrita da teoria resultante foi distribuída numa reunião especial do International Network Working Group (INWG), que tinha sido definido numa conferência da Sussex Universityem setembro de 1973. Cerf tinha sido convidado para dirigir este grupo e usou a ocasião para realizar o encontro do INWG. Algumas teses básicas surgiram da colaboração entre Kahn e Cerf:

  • comunicação entre dois processos deveria consistir logicamente de uma longa corrente de bytes (que eles chamaram de octets). A posição de qualquer octet na corrente seria usada para identificá-lo;
  • o controle do fluxo seria feito usando janelas e corrediças e acks. O destino poderia selecionar quando seria efetuado o reconhecimento e cada ack retornado seria cumulativo para todos os pacotes recebidos;
  • foi deixado em aberto como a fonte e o destino iriam concordar nos parâmetros das janelas a serem usadas. Padrões foram usados inicialmente;
  • apesar de a Ethernet(sistema de redes que transporta sinais (bits) para todos os microcomputadores em rede) estar em desenvolvimento em Xerox PARC naquele tempo, a proliferação de LANs (redes locais) não era prevista, muito menos a proliferação de PCs (computadores pessoais) e estações de trabalho. O modelo original foi redes nacionais como a ARPANET, que se pensava não iriam existir muitas como ela. Então um IP de 32 bits foi usado, dos quais os primeiros 8 bits indicavam a rede e os restantes 24 bits designavam o servidor na rede. Esta hipótese de que 256 redes seriam suficientes para o futuro próximo passou necessariamente a ser reconsiderada quando LANs começaram a aparecer no final da década de 1970.

O trabalho original de Cerf e Kahn sobre a Internet descreveu um protocolo chamado TCP, que provia todo o transporte e serviços de encaminhamento na Internet. Kahn queria que o protocolo suportasse uma série de serviços de transporte, desde a entrega sequenciada de dados totalmente confiável (modelo de circuito virtual) até o serviço de datagram, onde a aplicação fazia uso direto do serviço básico de rede, o que poderia implicar em pacotes ocasionalmente perdidos, corrompidos ou reordenados. Entretanto, o esforço inicial para implementar TCP resultou numa versão que somente permitiu circuitos virtuais. O modelo funcionou bem para transferência de arquivos e aplicações de logins remotos, mas alguns dos trabalhos em aplicações avançadas como pacotes de voz mostraram que, em alguns casos, a perda de pacotes deveria ser corrigida pela aplicação e não pelo protocolo TCP. Isso levou a uma reorganização do TCP original em dois protocolos: o simples IP que provia apenas o endereçamento e o roteamento dos pacotes individuais e o TCP em separado, que se preocupava com o controle do fluxo e a recuperação de pacotes perdidos. Para as aplicações que não queriam os serviços de TCP, uma alternativa chamada User Datagram Protocol (UDP) foi adicionada para prover acesso direto ao serviço básico de IP.

Uma grande motivação inicial para a ARPANET e para a Internet foi o compartilhamento de recursos. A conexão das duas redes foi muito mais econômica do que a duplicação de caros computadores. Entretanto, enquanto a transferência de arquivos e o login remoto (Telnet) foram aplicações muito importantes, o correio eletrônico teve o impacto mais significativo das inovações daquela época. O correio eletrônico ou e-mail criou um novo modelo no qual as pessoas poderiam se comunicar e mudou a natureza da colaboração, primeiro na construção da própria Internet e mais tarde na sua utilização por grande parte da sociedade.

Outras aplicações foram propostas nos dias iniciais da Internet, incluindo comunicação de voz (precursora da telefonia via Internet), vários modelos de compartilhamento de arquivos e discos, e os primeiros programas que mostraram o conceito de agentes (e vírus..). Um conceito-chave da Internet é que ela não é desenhada para apenas uma aplicação, mas é uma infra-estrutura genérica na qual novas aplicações podem ser concebidas, como aconteceu com a World Wide Web. Foi e é a natureza do serviço provido pelos protocolos TCP e IP que tornam isso possível.

O teste das idéias
DARPA fez três contratos para Stanford (Cerf), BBN (Ray Tomlinson) e UCL (Peter Kirstein) implementarem TCP/IP (que foi simplesmente chamado TCP no trabalho de Cerf/Kahn, mas que continha ambos os componentes). A equipe de Stanford, liderada por Cerf, produziu uma detalhada especificação e, em um ano, haviam três implementações independentes de TCP que poderiam operar em conjunto. Este foi o começo de longa experimentação e desenvolvimento a fim de evoluir e amadurecer os conceitos e a tecnologia da Internet. Começando com as três primeiras redes (ARPANET, Packet Radio e Packet Satellite) e suas comunidades iniciais de pesquisa, o ambiente experimental cresceu para incorporar essencialmente qualquer forma de rede e grande comunidade de pesquisa e desenvolvimento. E, com cada expansão, novos desafios surgiram.

As primeiras implementações de TCP foram feitas por sistemas como Tenex e TOPS 20. Quando os microcomputadores apareceram, alguns acharam que TCP foi grande e complexo demais para rodar neles. David Clark e seu grupo de pesquisa no MIT trabalharam para mostrar que poderia haver uma simples e compacta implementação de TCP. Eles produziram esta implementação, primeiro para o Xerox Alto (a primeira estação de trabalho pessoal desenvolvida em Xerox PARC) e depois para o IBM PC. Esta implementação foi completamente inter-operável com outros TCPs, mas foi feita sob medida para microcomputadores, e mostrou que estações de trabalho, tanto quanto sistemas de grande porte, poderiam tornar-se parte da Internet. Em 1976, Kleinrck publicou o primeiro livro sobre ARPANET, com ênfase na complexidade dos protocolos e nas dificuldades que eles introduzem. Este livro foi importante na divulgação da crença nas redes com trocas de pacotes para uma grande comunidade.

O desenvolvimento generalizado de LANs, PCs e estações de trabalho na década de 80 permitiu a prosperidade da Internet que nascia. A tecnologia Ethernet, desenvolvida por Bob Metcalfe em 1973 na Xerox PARC é agora provavelmente a tecnologia de rede dominante na Internet e os PCs e estações de trabalho são os computadores dominantes. A mudança entre poucas redes com pequeno número de servidores (o modelo original ARPANET) e muitas redes resultou num número de novos conceitos e mudanças na tecnologia básica. Primeiro, isso resultou na definição de três classes de rede (A, B e C) para acomodar o alcance das redes. A classe A passou a representar redes de grande escala nacional (pequeno número de redes com grande número de servidores). A classe B passou a representar redes de escala regional. E a classe C passou a representar redes locais (grande número de redes com relativamente poucos servidores).

Uma grande mudança ocorreu como resultado do aumento da escala da Internet e os assuntos gerenciais associados. Para facilitar o uso da rede, nomes foram atribuídos a servidores para que não fosse necessário lembrar endereços numéricos. Originalmente, o número de servidores foi limitado e, portanto, foi possível manter uma tabela única de todos os servidores e seus nomes e endereços. A mudança para o grande número de redes independentemente gerenciadas (por exempo, LANs) significou o fim da tabela única de servidores, e o Domain Name System (DNS) foi inventado por Paul Mockapetris, da USC/ISI. O DNS permitiu um mecanismo escalarmente distribuído para resolver nomes de servidores hierárquicos (por exemplo, www.acm.org) num endereço Internet.

O crescimento da Internet também desafiou a capacidade dos roteamentos. Originalmente existiu um único algorítmo distribuído para roteamento que foi implementado uniformemente por todos os roteadores na Internet. Quando explodiu o número de redes na Internet e o desenho inicial de roteamento não expandiu o suficiente, este foi substituído por um modelo hierárquico de roteamento com um Interior Gateway Protocol (IGP) usado dentro de cada região da Internet e um Exterior Gateway Project (EGP) usado para ligar as regiões. Este desenho permitiu que diferentes regiões usassem diferentes IGPs, de forma que diferentes requerimentos de custo, rápida configuração, robustez e escala pudessem ser acomodados. Não apenas o algorítmo de roteamento mas também o tamanho das tabelas de endereçamento acentuaram a capacidade dos roteamentos. Novas abordagens para agregação de endereço, em particular roteamento entre domínios sem classe (CIDR) foram introduzidas para controlar o tamanho das tabelas de roteamento. Um dos maiores desafios foi como propagar as mudanças para o software, particularmente o software do servidor. DARPA dava suporte à UC Berkeley para investigar modificações para o sistema operacional Unix, inclusive incorporando o TCP/IP desenvolvido em BBN. Apesar de Berkeley ter mais tarde reescrito o código para torná-lo mais adequado ao sistema Unix, a incorporação do TCP/IP no Unix BSD foi crítica para a dispersão dos protocolos na comunidade de pesquisa. Muitos da comunidade de pesquisa da ciência da computação já haviam começado a usar Unix BSD no seu dia-a-dia e a estratégia de incorporar protocolos Internet no sistema operacional da comunidade de pesquisa foi um dos elementos-chave do larga e bem-sucedida adoção da Internet.

Um dos mais interessantes desafios foi a transição do protocolo de servidor da ARPANET de NCP para TCP/IP em 01/01/1983. Foi uma transição imediata, requisitando todos os servidores em conversão simultânea (ou então passariam a se comunicar via mecanismos específicos). A transição foi cuidadosamente planejada pela comunidade por anos antes e foi muito fácil no dia em que realmente aconteceu (mas teve como consequência a distribuição de "buttons" dizendo "Eu sobrevivi à transição para o TCP/IP").

O protocolo TCP/IP tinha sido adotado como padrão de defesa três anos antes, em 1980. Tal fato levou diretamente à eventual divisão entre comunidades militar e não militar. Em 1983, ARPANET estava sendo usada por um número significante de organizações de pesquisa e desenvolvimento e de operações da defesa. A transição da ARPANET do protocolo NCP para o protocolo TCP/IP permitiu a divisão entre a MILNET, que passou a suportar os requisitos operacionais, e a ARPANET, que passou a suportar as necessidades de pesquisa.

Portanto, em 1985, a Internet já estava bem estabelecida como uma larga comunidade de suporte de pesquisadores e desenvolvedores e começava a ser usada por outras comunidades para comunicações diárias pelo computador. O correio eletrônico já estava sendo usado por muitas comunidades, frequentemente com sistemas diferentes, mas a interconexão entre os diferentes sistemas de de correio foi demonstrando a utilidade de comunicação eletrônica entre as pessoas.

A transição para a infra-estrutura aberta
Ao mesmo tempo em que a tecnologia Internet estava sendo experimentalmente validada e largamente utilizada por um conjunto de pesquisadores da ciência da computação, outras redes e tecnologias de rede estavam sendo criadas. A utilidade das redes computadorizadas - especialmente o correio eletrônico - demonstrada por DARPA e pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos não foi perdida em outras comunidades e disciplinas, e, ainda na década de 1970, redes começaram a aparecer em qualquer lugar que dispusesse de fundos e recursos para isso. O Departamento de Energia dos Estados Unidos estabaleceu a MFENet para seus pesquisadores em energia de fusão magnética e a HEPNet para o grupo de física de alta energia. Os físicos espaciais da NASAseguiram com a SPAN, e Rick Adrion, David Farber, and Larry Landweber estabeleceram a CSNET para a comunidade acadêmica e industrial da Ciência da Computação com um subsídio inicial da NSF-National Science Foundation. A livre disseminação do sistema operacional Unix na AT&T resultou na USENET, baseada no protocolo de comunicação UUCP incluído no Unix, e, em 1981, Ira Fuchs e Greydon Freeman projetaram a BITNET, que ligou os computadores acadêmicos num paradigma do tipo "correio eletrônico como imagens de cartão".

Com a exceção da BITNET e da USENET, estas primeiras redes (incluindo ARPANET) tinham sido construídas para um objetivo específico, isto é, elas foram criadas para, e largamente restritas a, comunidades fechadas de acadêmicos. Havia pouca pressão para que as redes individuais fossem compatíveis e, na verdade, elas não eram. Mais ainda, tecnologias alternativas estavam sendo procuradas pelo segmento comercial, incluindo XNS da Xerox, DECNet e SNA da IBM. Restou à inglesa JANET (1984) e à U.S. NSFNET (1985) programas para explicitamente anunciar seus intentos de servirem à comunidade educacional, não importando a disciplina. Mais, a condição para universidades americanas receberem fundos do NSF era que "a conexão deveria estar disponível para todos os usuários qualificados no campus".

Em 1985, Dennis Jennings, da Irlanda, passou um ano na NSF liderando o programa da NSFNET. Ele trabalhou com a comunidade para ajudar a NSF a tomar uma decisão crítica: que TCP/IP iria ser mandatório para o programa da NSFNET. Quando Steve Wolff chegou à NSFNET em 1986, ele reconheceu a necessidade por uma infraestrutura de rede maior para suportar as comunidades acadêmicas e de pesquisa, além da necessidade de desenvolver uma estratégia para estabelecer esta infra-estrutura independentemente dos recursos federais. Políticas e estratégias foram adotadas para atingir este fim.

NSF também decidiu suportar a infra-estrutura organizacional da Internet da DARPA já existente, hierarquicamente arranjada pelo então Internet Activities Board (IAB). A declaração pública desta opção foi a autoria conjunta pelo grupo de Engenharia e Arquitetura da Internet da IAB e pelo grupo de Assessoria Técnica de Rede da NSF do RFC 985 - Requirements for Internet Gateways, que formalmente assegurou a interoperabilidade entre DARPA e NSF.

Em adição à seleção do TCP/IP para o NSFNET, agências federais norte-americanas fizeram e implementaram várias outras decisões políticas que definiram a Internet de hoje, como segue:

  • Agências federais norte-americanas dividiram o custo da infra-estrutura, como os circuitos transoceânicos. Elas também apoiaram os pontos de interconexão para o tráfego entre agências. Federal Internet Exchanges (FIX-E e FIX-W) construídas com este objetivo serviram como modelos para os pontos de acesso da rede e facilidades "*IX" que são características proeminentes da arquitetura Internet de hoje;
  • Para coordenar esta participação, foi formado o Federal Networking Council (Conselho Federal de Redes). The FNC cooperou com organizações internacionais como o RARE na Europa, através do Comitê de Pesquisa Intercontinental, para coordenar o apoio da comunidade mundial de pesquisa à Internet;
  • Esta participação e cooperação entre agências em assuntos relacionados à Internet tem uma longa história. Um acordo sem precedentes realizado em 1981 entre Farber, representando a CSNET e a NSF, e Kahn, representando a DARPA, permitiu à CSNET compartilhar a infra-estrutura da ARPANET numa base estatística;
  • Similarmente, a NSF encorajou redes regionais (inicialmente acadêmicas) da NSFNET a buscar clientes comerciais, expandir seus estabelecimentos para serví-los e explorar as resultantes economias de escala para baixar os custos de subscrição para todos;
  • No backbone da NSFNET, o segmento de escala nacional da NSFNET, NSF fez cumprir uma política (Acceptable Use Policy - AUP) que proibiu o uso do backbone para objetivos que não fosssem de suporte à Pesquisa e à Educação. O resultado predizível e desejado do encorajamento de tráfego comercial nos níveis local e regional, enquando proibindo seu acesso ao backbone nacional, foi estimular a emergência e o crescimento de redes privadas e competitivas (como PSI, UUNET, ANS CO+RE e outras mais tarde). Este processo de aumento de redes privadas e auto-financiadas para usos comerciais foi iniciado em 1988 numa série de conferências promovidas pela NSF em Harvard's Kennedy School of Governmentsob o título "A Comercialização e Privatização da Internet" e na lista "com-priv" da rede;
  • Em 1988, o comitê do Conselho Nacional de Pesquisa norte-americano, dirigido por Kleinrock e com Kahn e Clark como membros, produziu um relatório autorizado pela NSF entitulado "Em Direção a uma Rede Nacional de Pesquisa". Este relatório influenciou o então Senador Al Gore e anunciou as redes de alta velocidade que se tornariam a fundação para a superhighway da informação do futuro;
  • Em 1994, o comitê do Conselho Nacional de Pesquisa norte-americano, novamente dirigido por Kleinrock e novamente com Kahn e Clark como membros, produziu um novo relatório autorizado pela NSF entitulado "Fazendo Idéia do Futuro da Informação: a Internet e Além". Neste documento, a superhighway da informação foi articulada e tópicos críticos como direitos da pripriedade intelectual, ética, preços, educação, arquitetura e regulamentação da Internet foram discutidos;
  • A política de privatização da NSF culminou em abril de 1995, com o fim do subsídio ao backbone da NSFNET. Os fundos recuperados foram competitivamente redistribuídos para redes regionais para compra de conectividade nacional das agora numerosas redes privadas.